quarta-feira, 12 de março de 2014


Sou alentejana

Usava saias rodadas
Avental de chita e folhos
Meias de algodão grossas
Lenço de flores encarnadas
Chapéu a tapar os olhos
Ferramentas apropriadas.

De madrugada levantava
Comia a açorda de alho
Metia o jantar na cesta
Porque longe se andava
Para chegar ao trabalho
No verão dormia a sesta.

Nos trabalhos que faziam
Fosse na ceifa ou na monda
As mulheres sempre a cantar
Todas brincavam e sorriam
Tinha sempre alguém à ronda
E os manajeiros a mandar.

Os jantares por vezes feitos
No campo em lume de chão
Sempre em panela de barro
Se não havia esse preceitos
Havia sempre queijo e pão
Ou levavam comer no tarro.

Muitos trabalhos faziam
Desde o mais duro e pesado
Com sacrifícios tão grandes
Mas só assim conseguiam
Ganhar para o pão sagrado
Em herdades tão distantes.

De Arlete Anjos
3/03/2014



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